quarta-feira, 4 de março de 2009

Bike Fit II

Acho que poucos ciclistas em Portugal ouviram falar de Nat Ross. Ele é um especialista em provas longas e bastante conhecido na América do Norte, detendo nada menos que 38 recordes de provas deBTT de 24horas, além de vitória em RAAM e outras provas.
Numa entrevista, quando lhe perguntaram sobre o que ele considerava a coisa mais importante para ciclismo de longa duração ele respondeu: bike fit profissional.
Note o termo “profissional”, ou seja, mesmo sendo um ciclista com experiência e bagagem invejáveis, ele recorre ao serviço profissional para ajustar as medidas da sua bicicleta.
Essa matéria não era muito considerada pelos ciclistas até há bem pouco tempo, e mesmo hoje há muitos praticantes que não dão muita importância. Mas se é um desses que investe no equipamento e no treino deveria pensar seriamente sobre este assunto.
Basta dizer que para alguém que treina regularmente não é de todo fácil melhorar o rendimento em 3 a 5%. Mas se pedalar fora da posição ou do alinhamento ideal pode facilmente estar a perder isso, sem contar também que as probabilidades de contusões ou dores (lombar, no pescoço ou nas articulações) aumentam bastante.
Para se ter uma idéia, se procurar uma entidade desportiva para o auxiliar no treino nos países desenvolvidos, o bike fit e os dados fisiológicos serão o ponto de partida. Aqui no nosso meio poucos grupos de treino estão estruturados para isso.
Quem divulgou no mundo a importância do bike fit foi o legendário Greg Lemond. Ele criou fórmulas para calcular a altura e o posicionamento do selim, comprimento do avanço e a altura do guiador, entre outros. Um dos seus conceitos, o de que a articulação do joelho da frente deve estar verticalmente posicionado em relação ao eixo do pedal quando o crenco estiver na posição horizontal (no caso de uma BTT a articulação pode avançar um pouco para frente, mas nunca recuar) é aceite pela maioria absoluta.
Evidentemente existem diferentes escolas de bike fit, e algumas até defendem o posicionamento intuitivo. Além do mais existem questões pessoais a serem consideradas como flexibilidade, agilidade e idade.
Infelizmente no nosso país ainda não se tomou total consciência da importância dessa matéria, e são poucas as lojas que tem pessoal especializado para bike fit. O nosso conselho é que se está a pensar comprar uma bicicleta procure uma dessas lojas. Isso porque uma bicicleta, chamada de top, utiliza componentes muito caros. Então se tiver que trocar peças (os mais comuns são espigão, avanço e o selim) é melhor negociar isso na própria loja e comprar uma bicicleta ajustada do que ter que gastar duas vezes. Nesse sentido nem sempre é bom ir para uma loja que dá um descontuzinho mas não presta um bom serviço.
E como nada fica parado no tempo os conceitos e os procedimentos do bike fit também evoluiram. Os centros mais desenvolvidos ja trabalham com o sistema 2D e 3D, que filma o movimento numa bicicleta estacionária (3D com várias câmeras, e com os LEDs marcadores nas articulações) e analiza as variações sob esforço. Muita gente tende a mudar de posição ( avançar ou recuar um pouco no selim ou balançar demasiadamente o tronco) quando está a fazer força. Com a filmagem faz-se a análise dinâmica do movimento e os detalhes são visualizados com câmara lenta, imagens quadro-a-quadro e até com o congelamento de imagem. Então estes métodos não só ajudam a ajustar o posicionamento, mas também auxiliam na correção da técnica. E não menos importante ajudam na prevensão de lesões que podem ser muito graves...

Por Marcelo Rocha

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